segunda-feira, 28 de março de 2011

O ciclismo, a cidade e outras palhaçadas...


De início, eu queria postar exclusivamente sobre minhas experiência sobre duas rodas, desde a história de como consegui minha bike, passando por uma equipe que faliu, até o giga-rolê para o norte da cidade de Guarulhos (72 km pedalados em um dia só). Todavia, os amigos arrumam emprego, ou outros problemas como uma doença ou uma namorada que os afastam do ciclismo. E, para piorar a situação, eu tiro carta de motorista (não adianta, carro atrapalha sua vida ‘esportiva’) e mergulho nas maravilhas acadêmicas das aulas específicas de Jornalismo, no turno matutino e noturno simultâneos. 


Não quero parar de contar minhas aventuras enquanto ando de bike. Muito pelo contrário. Quero escrever sobre isso e mais. Eu tenho um fascínio (quase obcecado, para ser franco) pela cidade de São Paulo e seus aspectos geográficos. E, assim como amo desbravar novos lugares e viajar cada vez mais longe (tá, meu limite foram só as cidades vizinhas, por enquanto), fico indignado com certas coisas. Do tipo... 

Desrespeito dos motoristas, desrespeito dos pedestres com ciclistas sem espaço, ciclovias mal feitas, falta de segurança, sub-prefeituras inúteis, lixo no chão... Faz-me ter a impressão de que vivo numa cidade de merda. Uma das maiores aglomerações de sujeitos do planeta, e apresenta essa infraestrutura ridícula. 

Preciso apenas descrever um leve passeio de bike pela região. Saio de casa e pego a ciclovia da Avenida Inajar de Souza. Distrito: Freguesia do Ó. Fora as desviadas que tenho que dar para não perder a garganta (linhas de pipas atravessadas na pista com a altura certa para decapitar um ser humano desavisado), sou observado em determinados pontos por jovens aparentemente suspeitos. Não pela etnia ou situação econômica/social, mas pelo olhar que acompanha cada peça da minha bicicleta. Assim, opto por usar uma bike 90% mais barata que a minha Monaco com suspensão RST Kappa 80 mm. Aí consigo passar pelos olhares que me secam os órgãos... mais tranqüilo. Não estou afim de perder um ano de trabalho em um instante, como quase aconteceu duas ou três vezes. 

Eu não atravesso a Ponte da Freguesia pedalando. Eu varo aquilo VOANDO, mais rápido que qualquer carro que a atravessa (quase mais rápido...). Nada assim tão especial, além do trauma na qual quase me lançaram no Rio Tietê durante um assalto a mão armada. 

Vou para a Avenida Marquês de São Vicente. Ahh, a Marquês... Lindamente construída para nada, absolutamente nada além de automóveis passarem. Ando bem no canto do meio fio, ou na calçada esburacada. E sim, já fui perseguido por um garotinho não muito simpático perto do terminal Barra Funda. Volto pela ponte da Casa Verde. Aí sim o rolê vale a pena. A avenida Brás Leme, entre os distritos de Santana e Casa Verde, tem um espaço bem agradável pra pedalar. Será que isso se deve ao fato de o Jardim São Bento (bairro nobre da Zona Norte) ficar nas proximidades dessa avenida? Coincidência, não? 

É redundante falar que lugar pobre é feio e lugar rico é bonito. Aqui em São Paulo não é diferente. Mas tem um detalhe... esse vilarejo apresenta um número cada vez maior de manos que usam bikes para trabalhar ou se locomover. É um desperdício também para o lazer, uma área florestal/manancial gigantesca e pouco investimento. Alguém já ouviu falar do distrito Engenheiro Marcilac? Ou até mesmo chegou a ir à cachoeira do Engordador no Tremembé? 

Bom, melhor parar por aqui. Queria apenas introduzir a bagaça com um parecer sobre o que acho da cidade em que nasci, moro e viverei por muito tempo. Acredito que São Paulo vai parar em poucos anos, e espero registrar tal cena sobre minha bike. 


Vista da ponte da Freguesia do Ó, horas depois que o Rio transbordou.
Pôr-do-sol na Avenida Marquês de São Vicente; antes de eu fugir de um trombadinha.
Vista da ponte Julio de Mesquita Neto, distrito Limão.

Ah, e você que é ciclista fanático... Não se ache o dono do mundo. Não é porque a pessoa é vegetariana que ela vá impedir que parem de matar animais. O ser humano gosta de causar, e isso até que é bom pra agitar a rotina. Mas tudo com bom senso.


@aleeemartins
Imagens: Eu que tirei as photo, djow.